Comentário ao Evangelho do Domingo de Pentecostes (Jo 20,19-23) - 15/05/16
- Diocese de Divinópolis
- 14 de mai. de 2016
- 3 min de leitura

19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.
21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo.
23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
— Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.
Comentário do Padre Guilherme
Esta passagem pode ser dividida em três partes distintas: 1) Jesus aparece; 2) Os discípulos O reconhecem e mudam de atitude; 3) Uma missão é confiada aos discípulos. Embora Jesus seja o mesmo, inclusive trazendo as marcas da crucificação, Sua condição agora é diferente. Não existem mais limites para Sua presença. Ele foi, inclusive, capaz de entrar em um lugar onde as portas estavam fechadas.
Aconteceu uma transformação na vida dos discípulos; Se antes eles estavam amedrontados, escondidos atrás de portas trancadas, com a chegada de Jesus se encheram de alegria. A presença do Mestre e a consciência de que Ele não morreu e não foi vencido, mas venceu e ressuscitou, foi capaz de dar coragem e de renovar a esperança. Paz e alegria são dons experimentados por quem acolhe a fé no Cristo ressuscitado. Mas também são condições para se poder reconhecê-Lo. Somente é capaz de sentir a paz e a alegria de Jesus quem supera os apegos deste mundo, tornando-se assim livre para amar Deus.
Jesus, concedendo a força do Espírito Santo, envia os discípulos à missão. A missão dos discípulos é a continuação da que foi iniciada por Ele. Assim como Jesus viveu Sua missão, não em nome de Si mesmo, mas no nome d’Aquele que O enviou, os discípulos também são chamados a cumprir a missão em nome de Quem os envia, o próprio Jesus. Este episódio pode ser entendido como cumprimento do que havia dito em Jo 14,12: “Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê em mim fará as obras que eu faço, e até maiores”. Seguir Jesus é continuar Sua missão e, com a força do Espírito Santo, fazer a obra de Deus continuar acontecendo.
O fato de Jesus soprar sobre os discípulos faz lembrar o sopro de Deus quando estava criando Adão. É uma nova criação, uma renovação, nova vida. O Espírito Santo recria o homem, arrancando-o do pecado.
Os discípulos puderam experimentar esse encontro com Jesus no primeiro dia da semana, isto é, no domingo. Para o povo judeu o dia que deveria ser dedicado ao Senhor era o sábado, lembrando o descanso de Deus no sétimo dia da criação. Com Jesus, inicia-se um tempo novo na fé. E o primeiro dia da semana é sinal desse recomeço, de uma nova era religiosa.
Outra característica significativa da aparição de Jesus é que aconteceu estando reunidos os discípulos. Ou seja, a fé no Cristo ressuscitado deve acontecer comunitariamente. Não é possível acreditar ou se relacionar com Deus isoladamente. Ninguém O alcança estando sozinho.
Também é dado aos discípulos o mandado de perdoar pecados. A Igreja enxerga nesta passagem o fundamento para o sacramento da Confissão. Com Jesus ressuscitado, abriu-se nova possibilidade para que as pessoas possam se reconciliar com Deus de forma sacramental, isto é, contando com a presença viva e real d’Aquele que concede o perdão, apaga a culpa e dá as forças para viver de forma totalmente nova: percorrendo o caminho da santidade.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira. Apresenta os programas Caminhada na Fé, toda sexta-feira, às 14 horas, na Rádio Divinópolis AM 720 e Momento Mariano, aos domingos, ao meio-dia, na Rádio Santana FM 96,9.
Commentaires