Nossa Senhora de Fátima

A 13 de Maio de 1917, três crianças pastoreavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje Diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos.
Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco.
A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.
Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70 mil pessoas, a Senhora disse-lhes que era a “Senhora do Rosário” e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.
Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente na Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e nas noites de 13 e 14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917.
Anos mais tarde, a Irmã Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência.
Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia-a-dia, num montante anual de cinco milhões.
Mensagem de Fátima
A Mensagem de Fátima é um convite e uma escola de salvação. Foi iniciada pelo Anjo da Paz (1916) e completada por Nossa Senhora (1917). Foi vivida de maneira histórica pelos Três Pastorinhos – Lúcia, Francisco e Jacinta.
A mensagem de Fátima destaca os seguintes pontos:
– a conversão permanente;
– a oração e nomeadamente o rosário,
– o sentido da responsabilidade coletiva e a prática da reparação.
A aceitação desta mensagem traz consigo a Consagração ao Coração Imaculado de Maria, que é símbolo de um compromisso de fidelidade e de apostolado. As orações ensinadas em Fátima pelo Anjo e Nossa Senhora ajudam a viver a Mensagem, que, como disse João Paulo II, em Fátima em 1982, é a conversão e a vivência na graça de Deus.
As Aparições
APARIÇÕES DO ANJO EM 1916
As aparições do Anjo teve como objetivo preparar os Pastorinhos para o encontro com Nossa Senhora. Foram igualmente um convite à oração e ao sacrifício.

1ª aparição – Na Loca do Cabeço
Na Loca do Cabeço, o Anjo disse: “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo: Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo–Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Orai assim: Os Corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”.
Relata a Irmã Lúcia: “A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa que quase não dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima, que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.
“Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também, maior impressão, por ser a primeira assim manifesta”. (LUCIA, 2013, p. 169).
Nesta segunda aparição, as crianças foram passar algumas horas de descanso à sombra das árvores, que cercavam o poço já várias vezes mencionado nas Memórias da Irmã Lúcia. E, de repente, viram o mesmo Anjo.
E dialogaram:
– Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios. – disse o Anjo. (LUCIA, 2013, p. 170).
– Como nos havemos de sacrificar? – perguntou a Pastorinha Lúcia de Jesus. (LUCIA, 2013, p. 170).
– De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar. – tornou a responder o Anjo da Paz. (LUCIA, 2013, p. 170).
Segunda Lúcia, estas palavras do Anjo ficaram gravadas no espírito de todos os Pastorinhos, como uma luz que os fazia compreender quem era Deus, como os amava e queria ser amado e o valor do sacrifício. Por isso, desde esse momento, eles começaram a oferecer ao Senhor tudo que os mortificava.
A terceira aparição ocorreu no final daquele ano, na Loca do Cabeço. Como de costume, os Pastorinhos estavam a rezar o Terço e a oração que o anjo os ensinara em sua primeira aparição.
Nessa terceira vez, Anjo revelou-se com um cálix e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de sangue. Deixando o cálix e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração:
– Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. – disse o anjo. (LUCIA, 2013, p. 171).
Depois, levantou-se o anjo, tomou de novo na mão o cálix e a Hóstia. Ofereceu a Hóstia à Lúcia; e o que continha no cálix deu de beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:
– Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolei o vosso Deus. (LUCIA, 2013, p. 171).
De novo se prostrou em terra e repetiu connosco a mais três vezes a mesma oração:
– Santíssima Trindade… etc. – E desapareceu. – disse Lúcia. (LUCIA, 2013, p. 171).
Levados pela força do sobrenatural que os envolvia, imitavam o Anjo em tudo: o prostrar e as orações. A força da presença de Deus era tão intensa que eles absorviam por completo. Parecia privar-lhes do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, repetiam as ações materiais. A paz e a felicidade era grande e íntima; a alma completamente concentrada em Deus.
2ª aparição – No poço


3ª aparição – Na Loca do Cabeço
2.2 APARIÇÕES DA NOSSA SENHORA EM 1917
1ª aparição – 13 de Maio

“Não tenhais medo. Eu não vos faço mal”.
“De onde é Vossemecê?
“Sou do Céu”…
“Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois, vos direi quem sou e o que quero…”
“Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”…
“… Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

2ª aparição – 13 de Junho
“Vossemecê que me quer?”
“Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois direi o que quero…”
“Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu”.
“Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração” “…
Foi no momento em que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus…” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).
3ª aparição – 13 de Julho

“Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”.
“Queria pedir-Lhe para nos dizer Quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece”.
“Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi Quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar”.
“Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
“Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração”…
“Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz”.
“… virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé…”
“Quando rezais o terço, dizei, depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

4ª aparição – 19 de Agosto (nos Valinhos)
4ª aparição – 19 de Agosto (nos Valinhos)“Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem”.
“Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?”
“Façam dois andores… O dinheiro dos andores é para a festa da Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda duma capela que hão-de mandar fazer…”
“Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios por os pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).
5ª aparição – 13 de Setembro

“Continuem a rezar o terço, para alcançarem o fim da guerra… Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

6ª aparição – 13 de Outubro
“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias…”
“Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido”.
“E abrindo as mãos, fê-las refletir no sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projetar-se no sol” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).
Consagração ao Coração Imaculado de Maria
Consagração de Portugal
Foi feita em Fátima pelo episcopado português, em 13 de Maio de 1931 e renovada a 13 de Maio de 1938, 1956, 1957, 1975, 1981, 1983 e 1992.
Os Pastorinhos - Videntes de Fátima
Lúcia de Jesus

A principal protagonista das Aparições nasceu em 22 de Março de 1907, em Aljustrel, Paróquia de Fátima (localizada em Lisboa, Portugal) e faleceu no dia 13 de Fevereiro de 2005. Ingressou no Asilo de Vilar (Porto), este dirigido pelas religiosas de Santa Dorotéia, em 17 de Junho de 1921. Depois foi para Tuy, onde tomou o hábito, com o nome de Maria Lúcia das Dores.
Fez a profissão religiosa de votos temporários em 3 de Outubro de 1928. Nesta mesma data, sendo que no ano de 1934, fez os votos perpétuos. Transferiu para o Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, em 25 de Março de 1948, quando tomou o nome de Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado. Sua profissão de votos solenes foi realizada em 31 de Maio de 1949.
A Irmã Lúcia veio à Fátima diversas vezes, umas delas com um propósito: dirigir no Carmelo um trabalho pictórico sobre as Aparições, cujas datas foram: em 13 de Maio de 1982, 13 de Maio de 1991 e 13 de Maio de 2000.
Faleceu no Convento de Santa Teresa, em Coimbra, a 13 de Fevereiro de 2005. O seu corpo foi trasladado para a Basílica do Santuário de Fátima, em 19 de Fevereiro de 2006, onde foi tumulado ao lado da sua prima, a vidente Beata Jacinta Marto.
Francisco Marto

Nasceu em 11 de Junho de 1908, em Aljustrel. Muito sensível e contemplativo, orientou toda a sua oração e penitência para “consolar a Nosso Senhor”. No dia 4 de Abril de 1919 faleceu santamente na casa de seus pais. Os seus restos mortais ficaram sepultados no cemitério paroquial até ao dia 13 de Março de 1952, data em que foram trasladados para a Basílica da Cova da Iria, freguesia de Fátima (Portugal), lado nascente.
Jacinta Marto

Nasceu também em Aljustrel, na data de 11 de Março de 1910. Em Lisboa, no hospital de Dona Estefânia (hoje é a unidade de referência em pediatria para a zona sul do país e ilhas), faleceu santamente no dia 20 de fevereiro de 1920. Após de uma longa e dolorosa doença, ofereceu todos os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo e pelo Santo Padre.
Em 12 de Setembro de 1935 foi solenemente trasladado o seu cadáver do jazigo da família do Barão de Alvaiázere, em Vila Nova de Ourém, para o cemitério de Fátima, e colocado junto dos restos mortais do seu irmãozinho Francisco.
No dia 1 de Maio de 1951, efetuou-se, com a maior simplicidade, a trasladação dos restos mortais de Jacinta para o novo sepulcro preparado na Basílica da Cova da Iria, lado poente.
A vida e experiência cristã dos Pastorinhos
De acordo com a Congregação das Causas dos Santos, na humilde família de Francisco e Jacinta, aprenderam a conhecer e a louvar a Deus e à Virgem Maria desde cedo.
No ano de 1917, enquanto pastoreavam o rebanho, juntamente com a prima, Lúcia dos Santos, tiveram a graça singular de ver várias vezes a Santíssima Mãe de Deus, na Cova da Iria. Desde então, os servos de Deus não tiveram outro desejo a não ser fazer em tudo a vontade de Deus e contribuir para a salvação das almas e para a paz no mundo, pela oração e penitência. Em pouco tempo alcançaram uma extraordinária perfeição cristã. Francisco adormeceu no Senhor no dia 4 de Abril de 1919 e Jacinta no dia 20 de Fevereiro de 1920.
A vidente Lúcia dos Santos, nas suas Memórias, relata e testemunha como, após as aparições, os seus primos, Francisco e Jacinta, procuram viver segundo os dons que receberam de Deus. Muito mais do que antes, a vida deles centra-se em Deus, de uma forma extraordinária. O seu primeiro objetivo passa a ser amar a Deus e agradar-lhe em tudo. Por isso dedicam longo tempo à oração e aceitam sacrifícios e sofrimentos, que oferecem pelos pecadores.
A força divina e o encanto por Deus e por Nossa Senhora são tais que, mesmo perante as ameaças de morte, demonstraram fortaleza extraordinária e, em grande coragem, continuaram, até a morte, a afirmar e defender as aparições que presenciaram. O amor pelos pecadores, os doentes e os pobres era permanente e exprimia-se em atitudes e iniciativas: a oração, a oferta de alimentos, visitas e palavras de consolação e mesmo conselhos.
É impressionante o modo como as duas crianças vivem a doença que as atinge e como encaram a morte, que antecipadamente sabem vir em breve. O Francisco despede-se da Lúcia dizendo-lhe: “Adeus, até ao Céu!…” (Memórias, 148). E a Jacinta, já muito doente, consola a mãe com estas palavras: “Não se aflija, minha Mãe: vou para o Céu. Lá hei de pedir muito por si“ (Memórias, 46).
Segundo Lúcia, junto da prima, sentia “o que, de ordinário, se sente junto duma pessoa santa que em tudo parece comunicar Deus”. E acrescenta: “A Jacinta tinha um porte sempre sério, modesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em todos os seus atos, próprio de pessoas já avançadas em idade e de grande virtude”.
Cabe ressaltar que através da vida destas duas crianças testemunha de forma convincente como a graça divina pode transformar as pessoas, mesmo crianças, exercendo nelas o seu poder e comunicando a bondade. O que ao ser humano parece impossível, não o é a Deus.
Beatificação de Francisco e Jacinta Marto
Os processos de beatificação dos Servos de Deus Francisco e Jacinta Marto, tiveram início em 30 de Abril de 1952. Porém devido às modificações introduzidas após a realização do Concílio Vaticano II e também a sucessão dos bispos da diocese de Leiria-Fátima, os processos só foram entregues à Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, em Roma, em 3 de Agosto de 1979 (o do Francisco) e a 2 de Julho do mesmo ano (o da Jacinta).
Em Abril de 1981, a Sagrada Congregação para a Causa dos Santos estudou num plano de princípios, a possibilidade da beatificação e canonização de crianças não-mártires, abrindo, assim, perspectivas favoráveis à beatificação dos videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto.
A publicação dos decretos de heroicidade de virtudes dos dois videntes, feita em 13 de Maio de 1989, foi considerado um passo importante no processo de Beatificação. O Santo Padre João Paulo II no ano de 2000 proclamou “beatos” os dois videntes de Fátima, em Fátima, na data tão conhecida, 13 de Maio. Isso ocorreu depois do reconhecimento científico de um milagre, no caso, obtido por intercessão dos Servos de Deus Francisco e Jacinta Marto.
CRONOLOGIA DE FÁTIMA – DATAS PRINCIPAIS
1916 – Primavera, Verão e Outono – Aparições do Anjo.
1917 – Nos dias 13 dos meses de Maio, Junho, Julho, Setembro e Outubro – Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria; em 19 de Agosto, nos Valinhos.
04/04/1919 – Morre o vidente Francisco Marto, em Aljustrel.
28/04/1919 – Início da construção da Capelinha das Aparições.
20/02/1920 – Morre a vidente Jacinta Marto, no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa.
03/05/1922 – Provisão do Bispo de Leiria, mandando instaurar o processo canónico sobre os acontecimentos de Fátima.
13/10/1930 – Pela Carta Pastoral “A Divina Providência”, o Bispo de Leiria declara “dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria” e permite oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima.
13/05/1931 – Primeira Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, feita pelo Episcopado Português, no seguimento da Mensagem de Fátima.
12/09/1935 – Trasladação dos restos mortais de Jacinta Marto, do cemitério de Vila Nova de Ourém para o de Fátima.
31/10/1942 – Pio XII, falando em português pela rádio, consagra o Mundo ao Imaculado Coração de Maria, com menção velada da Rússia, segundo o pedido de Nossa Senhora.
13/05/1946 – Coroação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, da Capelinha das Aparições (coroa oferecida pelas mulheres portuguesas), pelo Cardeal Masella, Legado Pontifício.
01/05/1951 – Trasladação dos restos mortais de Jacinta Marto, do cemitério de Fátima para a Basílica do Santuário.
13/10/1951 – Encerramento do Ano Santo (Universal), em Fátima, pelo Cardeal Tedeschini, Legado Pontifício.
13/03/1952 – Trasladação dos restos mortais de Francisco Marto, do cemitério de Fátima para a Basílica do Santuário.
07/07/1952 – Consagração dos Povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pelo Papa Pio XII.
13/05/1956 – O Cardeal Roncalli, Patriarca de Veneza, futuro Papa João XXIII, preside à peregrinação internacional aniversária.
13/05/1965 – Entrega da Rosa de Ouro pelo Cardeal Fernando Cento, legado Pontifício, durante a Peregrinação Internacional Aniversária.
13/05/1967 – O Papa Paulo VI desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja.
12 e 13/05/1982 – O Papa João Paulo II vem em peregrinação a Fátima agradecer o ter escapado com vida, um ano antes, na Praça de São Pedro, e, de joelhos, consagra a Igreja, os Homens e os Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado Coração de Maria.
25/03/1984 – Na Praça de São Pedro, no Vaticano, diante da Imagem de Nossa Senhora de Fátima ida expressamente da Capelinha das Aparições, João Paulo II faz, uma vez mais, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em união com todos os Bispos do Mundo.
12 e 13/05/1991 – O Santo Padre João Paulo II viaja, pela segunda vez, a Fátima, como peregrino, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro, no Vaticano, presidindo à Peregrinação Internacional Aniversária.
13/05/2000 – Beatificação de Francisco e Jacinta Marto, por ocasião da 3ª visita de João Paulo II a Fátima.
13/02/2005 – Falecimento da Ir. Lúcia.
02/04/2005 – Falecimento de João Paulo II.
19/02/2006 – Trasladação do corpo da Irmã Lúcia do Convento de Santa Teresa, em Coimbra, para a Basílica do Santuário de Fátima.
12 a14/05/2010 – Peregrinação a Fátima do Santo Padre Bento XVI.
Segredo de Fátima
Em sua apresentação, Dom Tarcisio Bertone, SDB, arcebispo emérito de Vercelli e Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, disse que na passagem do segundo para o terceiro milénio, o Papa João Paulo II decidiu tornar público o texto da terceira parte do segredo de Fátima.
Segundo Dom Bertone, Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. A primeira e a segunda parte do segredo, que são publicadas em seguida para ficar completa a documentação, dizem respeito antes de mais à pavorosa visão do inferno, à devoção ao Imaculado Coração de Maria, à segunda guerra mundial, e depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à humanidade.
Em sua mensagem, o arcebispo de Vercelli diz que a decisão tomada pelo Santo Padre João Paulo II de tornar pública a terceira parte do segredo de Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades humanas de poder e de iniquidade, mas permeada pelo amor misericordioso de Deus e pela vigilância cuidadosa da Mãe de Jesus e da Igreja.
Ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora faz-nos apelo a estes valores esquecidos, a este futuro do homem em Deus, do qual somos parte ativa e responsável.
Clique e veja a integra da Mensagem de Fátima e dos segredos tornados públicos pela Santa Sé.
Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados
Cinco Primeiros Sábados
I – A DEVOÇÃO DOS PRIMEIROS SÁBADOS
Na Aparição do dia 13 de Julho anunciou Nossa Senhora em Fátima: “Para impedir a guerra virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados”.
Esta última devoção veio pedi-la, aparecendo à Irmã Lúcia a 10-12-1925, em Pontevedra, Espanha. Disse então: “Olha, minha filha, o meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, procura consolar-me e diz que prometo assistir na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação, a todos os que, no Primeiro Sábado de cinco meses seguidos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem companhia durante quinze minutos, meditando nos 15 mistérios do Rosário com o fim de me desagravar”.
Nª Senhora mostrou o seu Coração rodeado de espinhos, que significam os nossos pecados. Pediu que fizéssemos actos de desagravo para Lhos tirar, com a devoção reparadora dos cinco Primeiros Sábados. Em recompensa, promete-nos "todas as graças necessárias para a salvação”.
Jesus nos dois anos seguintes, 15 de Fevereiro de 1926 e 17 de Dezembro de 1927, insiste para que se propague esta devoção. Lúcia escreveu: “Da prática da devoção dos Primeiros Sábados, unida à consagração ao Imaculado Coração de Maria, depende a guerra ou a paz do mundo”.
II – CINCO, POR QUÊ?
São cinco os Primeiros Sábados por, segundo revelou Jesus, serem “cinco as espécies de ofensas e blasfémias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria.
1. – As blasfémias contra a Imaculada Conceição,
2. – Contra a sua Virgindade;
3. – Contra a Maternidade Divina, recusando ao mesmo tempo recebê-la como Mãe dos homens;
4. – Os que procuram infundir nos corações das crianças a indiferença, o desprezo e até o ódio contra esta Imaculada Mãe;
5. – Os que A ultrajem directamente nas suas sagradas imagens”.
III – CONDIÇÕES
As condições para ganhar o privilégio dos Primeiros Sábados são quatro:
1. Confissão. Para cada Primeiro Sábado é precisa uma confissão com intenção reparadora. Pode fazer-se em qualquer dia, antes ou depois do Primeiro Sábado, contanto que se receba a Comunhão em estado de graça.
A vidente perguntou: – “Meu Jesus, as (pessoas) que se esquecerem de formar essa intenção (reparadora)? Jesus respondeu – Podem formá-la na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem para se confessar”.
As outras três condições devem cumprir-se no próprio Primeiro Sábado, a não ser que algum sacerdote, por justos motivos, conceda que se possam fazer no domingo a seguir.
2. A Comunhão Reparadora.
3. O Terço.
4. A meditação, durante 15 minutos, de um só mistério, de vários ou de todos. Também vale uma meditação ou explicação de 3 minutos antes de cada um dos 5 mistérios do terço que se está a rezar.
Em todas estas quatro práticas deve-se ter a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria.
A devoção dos 5 Primeiros Sábados foi aprovada pelo Bispo de Leiria a 13-9-1939, em Fátima.
ACTO DE CONSAGRAÇÃO E DESAGRAVO
Virgem Santíssima e Mãe nossa querida, ao mostrardes o vosso Coração cercado de espinhos, símbolo das blasfémias e ingratidões com que os homens ingratos pagam as finezas do vosso amor, pedistes que Vos consolássemos e desagravássemos.
Ao ouvir as vossas amargas queixas, desejamos desagravar o vosso doloroso e Imaculado Coração que a maldade dos homens fere com os duros espinhos dos seus pecados.
Dum modo especial Vos queremos desagravar das injúrias sacrilegamente proferidas contra a vossa Conceição Imaculada e Santa Virgindade. Muitos, Senhora, negam que sejais Mãe de Deus e nem Vos querem aceitar como terna Mãe dos homens. Outros, não Vos podendo ultrajar directamente, descarregam nas vossas sagradas imagens a sua cólera satânica. Nem faltam também aqueles que procuram infundir nos corações das crianças inocentes, indiferença, desprezo e até ódio contra Vós.
Virgem Santíssima, aqui prostrados aos vossos pés, nós Vos mostramos a pena que sentimos por todas estas ofensas e prome¬temos reparar com os nossos sacrifícios, comunhões e orações tantas ofensas destes vossos filhos ingratos.
Reconhecendo que também nós, nem sempre correspondemos às vossas predilecções, nem Vos honrámos e amámos como Mãe, suplicamos para os nossos pecados misericordioso perdão.
Para todos quantos são vossos filhos e particularmente para nós, que nos consagramos inteiramente ao vosso Coração Imaculado, seja-nos ele o refúgio durante a vida e o caminho que nos conduza até Deus. Assim seja.
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Cinco, porquê?
O Padre José Bernardo Gonçalves (1894-1966) propôs em Maio de 1930 à Irmã Lúcia, de quem foi confessor, seis perguntas para as quais pedia esclarecimento.
Eis o que se refere à quarta, com a respectiva resposta dada por escrito:
«Porque hão-de ser ‘5 sábados’ e não 9 ou 7 em honra das dores de Nossa Senhora?
Ficando na capela com Nosso Senhor parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio de 1930, e falando a Nosso Senhor das duas perguntas 4.ª e 5.ª, senti-me de repente possuída intimamente da divina presença; e, se não me engano, foi-me revelado o seguinte:
‘Minha filha, o motivo é simples: são 5 as espécies de ofensas e blasfémias contra o Imaculado Coração de Maria:
1.ª – As blasfémias contra a Imaculada Conceição.
2.ª – Contra a Sua virgindade.
3.ª – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4.ª – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
5.ª – Os que A ultrajam directamente nas suas sagradas Imagens.
Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender».
Primeira ofensa: negação da Imaculada Conceição.
A 8 de Dezembro de 1854, definiu o Papa Pio IX: «Declaramos, pronunciamos e definimos, que a doutrina que sustenta que a bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, foi por graça e privilégio singular de Deus Todo-Poderoso... preservada e imune de toda a mancha do pecado original, foi revelada por Deus e como tal deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis».
Recusam este privilégio várias confissões protestantes, os racionalistas, e implicitamente aqueles que negam o pecado original, pois que a Imaculada Conceição é precisamente a isenção dessa mancha, que em tal hipótese não exisitria.
Segunda ofensa: negação da Virgindade perpétua de Maria.
A 6 de Novembro de 1982 disse João Paulo II no Santuário do Pilar em Saragoça, Espanha: «De modo virginal ‘sem intervenção de varão, e por obra do Espírito Santo, Maria deu a natureza humana ao Filho Eterno do Pai. De modo virginal nasceu de Maria um corpo santo. É a fé que...o Papa Paulo IV articulava na forma ternária de Virgem ‘antes do parto, no parto e perpetuamente depois do parto’. É a mesma que ensina Paulo VI: ‘Cremos que Maria é Mãe sempre Virgem do Verbo encarnado».
Opõem-se a esta verdade os que negam que a Conceição e o parto de Jesus não foram virginais, e que Maria não conservou no parto a sua integridade, assim como aqueles que afirmam que Ela teve mais filhos além de Jesus.
Terceira ofensa: negação da maternidade divina e espiritual de Maria.
Declarou o III Concílio de Constantinopla no ano de 680: «Nosso Senhor Jesus Cristo – nasceu do Espírito Santo e de Maria Virgem, que é, segundo a humanidade, própria e verdadeiramente Mãe de Deus».
É também Mãe espiritual dos homens, pela sua participação no Mistério da Encarnação e Co-redenção.
Quarta ofensa: ódio para com a Imaculada Mãe de Deus.
A ideologia Marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a começar pelas crianças. O Ministério da Educação soviética declarou nesses tempos: «A educação comunista tem como fim principal eliminar todos os vestígios da religião». Ensinava-se às crianças o racionalismo puro e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam «ladaínhas» de injúrias contra a Mãe de Deus.
Quinta ofensa: ultrajes às sagradas imagens.
Chegou-se ao descaramento de destruir e ultrajar as imagens de Nossa Senhora, sobretudo quando expostas em público. Certamente também desgostam a Maria Santíssima aqueles que tiram dos templos as suas imagens ou as reduzem ao mínimo, contrariando o Concílio Vaticano II. «Observem religiosamente aquelas coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos».
São estas cinco ofensas a Maria que devemos reparar nos cinco primeiros sábados.
Textos P. Fernando Leite, sj
O Rosário
Não há nenhuma devoção da Igreja que tenha sido tão recomendada pelos Papas como esta.
A devoção do Rosário é uma das devoções mais insistentemente pedidas na Mensagem de Fátima. A Virgem Maria nas suas aparições em Fátima pediu que se rezasse o terço/rosário todos os dias. Logo na primeira aparição, a 13 de Maio de 1917, Nossa Senhora disse: “Rezem o Terço todos os dias”.
A 12 de Maio de 1982, na Capelinha das Aparições, o Papa João Paulo II oferece um terço a Nossa Senhora de Fátima
Venho em peregrinação a Fátima como a maioria de vós, “amados peregrinos, com o terço na mão, o nome de Maria nos lábios e o cântico da misericórdia de Deus no coração", disse o Papa João Paulo II (Fátima, Maio de 1982)
Sede leais convosco próprios, zelai pela vossa herança de fé, de valores espirituais e de honestidade de vida, que recebestes dos vossos anciãos, à luz e com as bênçãos de Maria Santíssima; é uma herança rica e boa. E quereis que vos conte um “segredo”? É simples e já não é segredo: “rezai muito; rezai o terço todos os dias”.
Rosário com os Pastorinhos
Movimento da Mensagem de Fátima convida as crianças a rezarem o Terço
Desde há vários anos a esta parte, mas com regularidade mensal desde 2006, mais de 300 crianças que frequentam os nove centros de catequese na Paróquia de Fátima têm recitado o Rosário, na Capelinha das Aparições, pelas 18h30.
A recitação pelos mais novos da oração que Nossa Senhora pediu em Fátima que fosse rezada "todos os dias" tem depois uma maior amplitude, uma vez que este Rosário, de segunda a sexta-feira, é transmitido pela Rádio Renascença e, mais recentemente, também pela TV Canção Nova e pela Telepace. Também a Radiotelevisão da Diocese de Toledo (Espanha) iniciará entretanto a transmissão em directo.
Cada centro de catequese se organiza, à vez, com o empenho dos catequistas e o apoio dos capelães e do pároco da Paróquia de Fátima para, uma vez por mês, levar as crianças junto do altar da Capelinha das Aparições para rezarem junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima.
A iniciativa, chamada de "Rosário com os Pastorinhos", é promovida pelo Movimento da Mensagem de Fátima, associação canónica de fiéis com estatutos aprovados pela conferência episcopal portuguesa, que colabora na preparação de cada recitação. "Nossa Senhora pediu às crianças que rezassem o terço. O que ela pediu não é para situar só nos Pastorinhos mas para se estender a todos as crianças, e a todas as pessoas. A mensagem de Fátima deve ser comunicada ao mundo. Por isso, pensámos em mais esta iniciativa", referiu o Padre Manuel Antunes, assistente nacional do MMF e director dos Serviços de Doentes e de Associações do Santuário de Fátima.
Também desde 2006, a oração tem contado, neste dia em que são as crianças de Fátima responsáveis pela recitação, com a participação do grupo coral infantil do Santuário de Fátima – Schola Cantorum Os Pastorinhos de Fátima.
"Pedimos aos pais, avós e catequistas que falem deste Rosário às crianças e as convidem nesses dias a rezar com os seus colegas de Fátima", convida o Movimento da Mensagem de Fátima nas edições do jornal "Voz da Fátima" e no guião anual publicado pelo associação.
Em continuidade com o trabalho de catequese desenvolvido pelo Santuário de Fátima, numa coordenação do Movimento da Mensagem de Fátima, com o grande empenho dos grupos de catequese da Paróquia de Fátima, convidam-se as outras crianças a acompanharem os seus amigos de Fátima. Não seria bonito rezarem aí nas vossas casas em união com eles? Basta ligar a rádio ou televisão!
Os Mistérios do Rosário
MISTÉRIOS DA ALEGRIA (gozosos)
(Segundas e Sábados)
1.º Mistério
A Anunciação do Anjo a Nossa Senhora. (Lc 1, 26-38)
2º Mistério
A Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel. (Lc 1, 39-56)
3º Mistério
O Nascimento de Jesus no presépio de Belém. (Lc 2, 1-20)
4º Mistério
A Apresentação do Menino Jesus no Templo. (Lc 2, 22-38)
5º Mistério
O Encontro do Menino Jesus no Templo, entre os Doutores. (Lc 2, 41-50)
MISTÉRIOS DA DOR (dolorosos)
(Terças e Sextas)
1.º Mistério
Oração e Agonia de Jesus no Jardim das Oliveiras. (Mt 26, 36-46)
2º Mistério
A Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Mt 27, 24-26)
3º Mistério
O Coroação de espinhos. (Mt 27, 27-31)
4º Mistério
Jesus a caminho do Cálvário e o encontro com Sua Mãe. (Lc 23, 26-32)
5º Mistério
A Cruxificação e Morte de Jesus . (Jo 19, 17-30)
MISTÉRIOS DA GLÓRIA (gloriosos)
(Quartas e Domingos)
1.º Mistério
A Ressurreição de Jesus Cristo. (Mt 28, 1-10)
2º Mistério
A Ascensão de Jesus ao Céu. (Act 1, 6-11)
3º Mistério
A descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos, reunidos no Cenáculo. (Act 1, 12-14 e 2, 1-4)
4º Mistério
A Assunção de Nossa Senhora ao Céu em corpo e alma. (1Cor 15, 12-23)
5º Mistério
A Coroação de Nossa Senhora, como Rainha do Céu e da Terra. (Ap 12, 1-17)
MISTÉRIOS DA LUZ (luminosos)
(Quinta-feira)
1.º Mistério
O Baptismo de Jesus no Rio Jordão. (Mt 3, 13-17)
2º Mistério
A Revelação de Jesus nas Bodas de Caná. (Jo 2, 1-11)
3º Mistério
O Anúncio do Reino de Deus. Um convite à conversão (Mt 4, 12-17-23)
4º Mistério
A Transfiguração de Jesus no Monte Tabor. (Lc 9, 28-36)
5º Mistério
A Última Ceia de Jesus com os Apóstolos e a Instituição da Eucarístia. (Lc 22, 14-20)
Movimento da Mensagem de Fátima
Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria

A Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, teve lugar na praça de S. Pedro, no Vaticano, em 25 de Março de 1984.
Para esse efeito, o Papa João Paulo II pediu a presença da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, venerada na Capelinha das Aparições.
Diante da Imagem, o Papa repetiu o Acto de Entrega que havia feito em Fátima em 13 de Maio de 1982.
A 1 de Abril de 1984, na edição semanal em Português do jornal do Vaticano "L´Osservatore Romano" é feito o relato da presença da Imagem no Vaticano:
A Imagem chegou ao Vaticano, directamente da Capelinha das Aparições, no dia 24 de Março, levada por D. Alberto Cosme do Amaral, Bispo de Leiria. À chegada foi acolhida no Pátio de S. Dâmaso e, logo depois, levada em procissão até à Capela Paulina, no Palácio Apostólico, onde permaneceu até às 21h00, e onde recebeu a homenagem de muitos fiéis.
Às 21h00 foi levada para a Capela dos aposentos pontifícios.
Na manhã seguinte, a celebração do Jubileu para as famílias, iniciou com a entrada processional de Nossa Senhora de Fátima na Praça de S. Pedro.
Após a saudação do Papa aos peregrinos, e após a liturgia da Palavra foi feita a homilia e, ao termino da cerimónia, à hora do "Angelus", João Paulo II recitou junto da Imagem o Acto de Entrega do mundo e dos Povos.
De seguida, o Acto de Entrega a Nossa Senhora:
Acto de Entrega – 25 de Março de 1984
A família é o coração da Igreja. Eleve-se hoje deste coração um acto de particular entrega ao Coração da Mãe de Deus.
No Ano Jubilar da Redenção queremos confessar que o Amor é maior que o pecado e que todos os males que ameaçam o homem e o mundo.
Com humildade invocamos este Amor:
1. “À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus”!
Ao pronunciar estas palavras da antífona com que a Igreja de Cristo reza há séculos, encontramo-nos hoje diante de Vós, ó Mãe, no Ano Jubilar da nossa Redenção.
Estamos aqui unidos com todos os pastores da Igreja por um vínculo particular, pelo qual constituímos um corpo e um colégio, do mesmo modo que os Apóstolos, por vontade de Cristo, constituíram um corpo e um colégio com Pedro.
No vínculo desta unidade, pronunciamos as palavras do presente Acto, no qual desejamos incluir, uma vez mais, as esperanças e as angústias da Igreja pelo mundo contemporâneo.
Há quarenta anos atrás, e depois ainda passados dez anos, o Vosso servo o Papa Pio XII, tendo diante dos olhos as dolorosas experiências da família humana, confiou e consagrou ao
Vosso Coração Imaculado todo o mundo e especialmente os Povos que, pela situação em que se encontram, são particular objecto do Vosso amor e da Vossa solicitude.
É este mundo dos homens e das nações que nós temos diante dos olhos também hoje: o mundo do Segundo Milénio que está prestes a terminar, o mundo contemporâneo, o nosso mundo!
A Igreja, lembrada das palavras do Senhor: “Ide… e ensinai todas as nações… Eis que eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt. 28, 19-20), reavivou, no Concilio Vaticano Segundo, a consciência da sua missão neste mundo.
Por isso, ó Mãe dos Homens e dos povos, Vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o nosso mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos directamente ao Vosso Coração; e abraçai, com o amor da Mãe e da Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.
De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas nações, que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade.
“À Vossa protecção nos acolhemos Santa Mãe de Deus!” Não desprezeis as nossas súplicas que a vós elevamos, nós que estamos em provação!
2. Encontrando-nos hoje diante de Vós, Mãe de Cristo, diante do Vosso Coração Imaculado, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos com a consagração que, por nosso amor, o Vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: “Por eles eu consagro-me a Mim mesmo – foram as suas palavras – para eles serem também consagrados na verdade (Jo. 17,19).
Queremos unir-nos ao nosso Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu Coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e de conseguir a reparação.
A força desta consagração permanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações; e supera todo o mal, que o espírito das trevas é capaz de despertar no coração do homem e na sua história, e que, de facto, despertou nos nossos tempos.
Oh! quão profundamente sentimos a necessidade de consagração, pela humanidade e pelo mundo: pelo nosso mundo contemporâneo, em união com o próprio Cristo! Na realidade, a obra redentora de Cristo deve ser pelo mundo participada por meio da Igreja.
Manifesta-o o presente Acto da Redenção; o Jubileu extraordinário de toda a Igreja.
Sede bendita, neste Ano Santo, acima de todas as criaturas, Vós, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento divino!
Sede louvada, Vós que estais inteiramente unida à consagração redentora do Vosso Filho!
Mãe da Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! Iluminai de modo especial os povos dos quais esperais a nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo pela inteira família humana do mundo contemporâneo.
3. Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no Vosso Coração materno.
Oh, Coração Imaculado! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal que tão facilmente se enraíza nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a nossa época e parece fechar os caminhos do futuro!
Da fome e da guerra livrai-nos!
Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável e de toda a espécie de guerra, livrai-nos!
Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos!
Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos!
De todo o género de injustiças na vida social, nacional e internacional, livrai-nos!
Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos!
Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos!
Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos!
Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos!
Acolhei, ó Mãe de Cristo, este clamor carregado de sofrimento de todos os homens!
Carregado do sofrimento de sociedades inteiras!
Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todos os pecados: o pecado do homem e o "pecado do mundo", enfim, o pecado em todas as suas manifestações.
Que se revele, uma vez mais, na história do mundo a infinita potência salvífica da Redenção: a força infinita do Amor Misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no Vosso Coração Imaculado, a luz da Esperança!
Recorda ainda a mesma publicação oficial que, na tarde desse Domingo 25 de Março, o Santo Padre João Paulo II, antes de se dirigir à Sala Paulo VI para se encontrar com as famílias, desceu à Basílica de S. Pedro para prestar as suas homenagens a Nossa Senhora, antes de a Imagem ser levada para a Basílica de São João de Latrão, onde permaneceria toda a noite em uma vigília de oração promovida pelos movimentos marianos de Roma.João Paulo II, após uns momentos de prece diante de Nossa Senhora, dirigiu-se aos fiéis ali presentes e teceu palavras de agradecimento a Nossa Senhora pela visita, agradecimento que estendeu a D. Alberto Cosme do Amaral por ter levado a Imagem, recordou todos os passos da Imagem durante os dois dias e conceu uma bênção a todos os que ali se encontravam e à Igreja inteira de Roma.