Comentário ao Evangelho do 4º Domingo da Páscoa (Jo 10,27-30) - 17/04/16
- Diocese de Divinópolis
- 17 de abr. de 2016
- 3 min de leitura

Naquele tempo, disse Jesus:
27“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem.
28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão.
29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai.
30Eu e o Pai somos um”.
— Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.
Comentário do Padre Guilherme
Não havia quem ficasse indiferente ao se deparar com Jesus. Suas palavras, gestos, ensinamentos e todas realizações afetavam, de alguma forma, todos que com Ele tivessem algum contato. Em alguns, a reação era positiva, trazia esperança, descoberta da fé, melhor conhecimento a respeito de Deus e felicidade diante da vida. Em outros, a reação podia ser de insegurança diante de uma ameaça à fé que insistiam em conservar.
Para um grupo de pessoas pertencentes à fé judaica daquele tempo, Jesus era desconcertante. Falava coisas e realizava ações que eles não podiam aceitar vindas de um homem que, para eles, não passava de um ser humano comum. Assim, ficavam vigiando tudo que Ele fizesse e buscavam descobrir algo que pudesse servir de motivo para desacreditá-Lo.
Esta passagem apresenta trecho da resposta de Jesus a um pequeno grupo de judeus que lhe inquiriram querendo ouvir de Sua boca se era ou não o Messias. Eles não estavam interessados em conhecer sobre a divindade de Jesus nem ouvir Seus ensinamentos. Queriam mesmo é algum motivo para poder colocar em dúvida tudo o que Ele fazia. Se Jesus dissesse expressamente ser o Salvador e que vinha em nome do Senhor, o objetivo desses judeus seria alcançado: poderiam acusar-lhe da blasfêmia de ser um humano se proclamando Deus.
Ele já mostrava muito bem quem era, por todas as palavras e ações que vinha realizando desde o início de Seu ministério. Entretanto, há uma característica no anúncio de Jesus que é de somente poder ser plenamente compreendido pelos Seus. E quem são esses Seus? À semelhança do conhecimento e confiança que existe entre um rebanho de ovelhas e seu pastor é a maneira de conhecer e confiar de Jesus com Seus seguidores.
Quem se coloca no seguimento, na fé, na entrega, na simplicidade e no acolhimento daquilo que vem de Jesus é capaz de estabelecer com Ele uma relação profunda de amizade e aliança.
As ovelhas são animais dóceis. Sempre serviram na cultura humana para representar inocência. Quem não busca se conservar numa atitude desapegada das preocupações materiais e de poder permanece num estado de cegueira espiritual, que impede a contemplação das verdades de Deus. Assim era esse grupo de pessoas apegadas aos preceitos antigos da fé. E nem sempre por uma preocupação religiosa ou espiritual. Havia mesmo aqueles que se beneficiavam da fé. Levados pelo egoísmo e ganância, estavam dispostos a tudo para poder conservar seu status.
Entretanto, conforme Jesus afirmou nesta passagem, os que se deixam levar pelos apegos não têm vitória. Porque maior é o poder de Deus. Satisfazendo a vontade desses judeus, a resposta dada acabou sendo a que eles queriam. Mesmo sendo apresentada com um ensinamento que teria poder de lhes fazer repensar sua atitude, eles continuavam na intenção de deter Jesus a todo custo e conservar seus benefícios porque não eram como ovelhas que escutam a voz do pastor. Sua mente estava paralisada e impedida de acolher o que vinha pelos ensinamentos do Senhor.
O que é contado neste trecho do Evangelho ainda é muito comum hoje em dia. Não são poucas as pessoas que permanecem fechadas ao anúncio de Jesus. Para algumas pessoas, esse fechamento pode ser revertido. Mas, para isso, é preciso iniciativa do ser humano. Por mais que o anúncio evangélico hoje seja feito de muitas formas, por muitos meios, tecnologias e possibilidades (como, por exemplo, este espaço), ainda permanece a situação descrita em um conhecido dito popular em nossos meios religiosos: “No coração humano há uma porta que, de fora, não tem maçaneta ou fechadura. Só pode ser aberta pelo lado de dentro”.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira. Apresenta os programas Caminhada na Fé, toda sexta-feira, às 14 horas, na Rádio Divinópolis AM 720 e Momento Mariano, aos domingos, ao meio-dia, na Rádio Santana FM 96,9.
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