Comentário ao Evangelho do 2º Domingo do Tempo Comum (Jo 2,1-11) - 17/01/16
- Diocese de Divinópolis
- 17 de jan. de 2016
- 4 min de leitura

Naquele tempo, 1houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava presente.
2Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento.
3Como o vinho veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”.
4Jesus respondeu-lhe: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”.
5Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser”.
6Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros.
7Jesus disse aos que estavam servindo: “Enchei as talhas de água”. Encheram-nas até a boca.
8Jesus disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala”. E eles levaram.
9O mestre-sala experimentou a água que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água.
10O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!”
11Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele.
— Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.
Comentário do Padre Guilherme
Este trecho descreve a transformação milagrosa de água em vinho realizada por Jesus durante uma festa de casamento realizada em uma pequena cidade da Galileia conhecida como Caná. Este fato é considerado como marco do início da missão terrena de Jesus porque é o primeiro sinal que Ele realizou. O evangelista João entende que Jesus Se revela não só por palavras, mas também por sinais prodigiosos.
No episódio aparecem algumas informações a respeito da missão salvadora de Jesus. O milagre acontecer em uma festa de casamento é significativo, porque as figuras de banquete e núpcias são referências claras de promessas messiânicas do Antigo Testamento (Is 54,4-8; 62,4-5).
Foi transformada em vinho a água colocada em talhas de pedra que eram utilizados em purificações rituais da religião judaica. Com Jesus, há mudanças no sentido religioso do que significa pureza e impureza. E um vinho abundante e bom é sinal de que surge algo novo em lugar do que era velho e sem sabor. A boa qualidade da bebida no momento em que já se esperava vinho pior indica também que, mesmo aparentemente não existindo mais esperança, vale a pena confiar e esperar de Deus. Ele surpreende as expectativas humanas com muito mais do que é esperado.
Não se pode ignorar nesta situação a participação de Maria. No Evangelho de João, esta é uma das duas situações fundamentais onde ela aparece junto a Jesus. A outra é aos pés da cruz. A mãe aparece, portanto, no início e no final da missão pública de seu Filho. E os dois momentos têm traços semelhantes como, por exemplo, Jesus chamando sua mãe de “mulher”. Esse jeito de falar não era algum desrespeito ou modo estranho de um filho se dirigir à sua mãe. Na língua grega da época (na qual os Evangelhos foram escritos) era comum esse tratamento entre filhos e pais. Expressava uma maneira mais formal de tratamento.
A tradução literal da expressão grega dita por Jesus, quando responde ao comentário de Maria, é: “Que há para ti e para mim?” Nessa fala percebe-se a diferença de planos entre eles. Mais que solucionar uma situação de embaraço para os anfitriões da festa, a ação de Jesus teve um objetivo muito mais profundo.
A palavra “hora” geralmente é utilizada por Jesus para se referir ao momento definitivo da manifestação da glória divina através d’Ele. Esse momento é a cruz, que marca a passagem de Jesus para a glória. Todos os sinais realizados por Ele antes, isto é, os milagres, são antecipações dessa manifestação plena da cruz. O certo distanciamento entre Jesus e sua mãe quando se dirige a ela com um tratamento mais formal pode ter interpretação de que a manifestação da glória em Jesus acontece somente pela vontade de Deus.
Maria se dirigiu aos serventes da festa e pediu que eles obedecessem ao que Jesus mandasse. Ela tinha confiança profunda de que a manifestação da glória de Deus traria o bem. Embora pareça que Jesus não quisesse interferir, Sua mãe confiava que seu Ele tinha condições de solucionar a situação difícil. Seu pedido tocou o coração de Jesus para que Ele antecipasse Seus planos. A fala dela aos serventes serve até hoje como convite para todos que querem permanecer na fé: “Fazer o que Jesus disser”. Jesus não só resolve a situação, mas revela já um pouco de Sua glória, como em todos os milagres que realiza. E há destinatários certos para essa ação. Até porque nem todas as pessoas presentes ficaram sabendo que foi graças a Ele que surgiu um vinho novo.
As talhas somavam uma grande quantidade: 600 litros. O vinho sempre foi sinal de alegria e era servido em festas e ocasiões especiais. A enorme quantidade significa uma alegria muito grande. E, ainda mais, um vinho de qualidade muito boa. Jesus inicia Sua missão com um sinal que indica a grande felicidade que deve ser sentida da parte dos homens. Com Ele a salvação começa a chegar.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira. Apresenta os programas Caminhada na Fé, toda sexta-feira, às 14 horas, na Rádio Divinópolis AM 720 e Momento Mariano, aos domingos, ao meio-dia, na Rádio Santana FM 96,9.
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