Comentário ao Evangelho da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (Lc 2,16-21) - 01/01/16
- Diocese de Divinópolis
- 1 de jan. de 2016
- 3 min de leitura

Naquele tempo, 16os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. 18E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. 19Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. 20Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. 21Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.
— Palavra da Salvação. — Glória a vós, Senhor.
Comentário do Padre Guilherme
Já foi falado muitas vezes que as cenas descritas por Lucas em seu Evangelho a respeito dos dias próximos do nascimento de Jesus, que aparecem representadas no presépio, como o nascimento, a visita dos pastores, dos magos, possam ser apenas “figuras de linguagem” ou mais ou menos como parábolas sobre a vinda do Filho de Deus ao mundo. Como se tudo isso fossem lendas ou fruto de devoções sentimentais. No entanto, a Igreja continua acreditando que se trata de acontecimentos históricos e reais. E neles é possível contemplar sinais da ação de Deus em favor da humanidade. Em primeiro lugar, não devemos nos esquecer que Lucas descreve com muitos detalhes esses acontecimentos, como a anunciação do Anjo a Maria, a visita de Maria a sua prima Isabel, o nascimento de João Batista, o nascimento de Jesus. Depois, a apresentação do Menino no Templo e o episódio em que Jesus ficou no Templo entre os mestres da Lei enquanto seus pais o procuravam. É possível, e bem provável, que o evangelista tenha escrito esses relatos com base em descrições que a própria Virgem Maria tenha feito a ele. A riqueza dos detalhes, sobretudo do tempo em que Jesus ainda nem tinha nascido ou era ainda apenas um bebê nos levam a crer que somente alguém que tivesse vivido e passado por aquelas situações poderia fornecer essa informações com tanta precisão.
Lucas deixa bem claro que Maria refletia sobre os acontecimentos surpreendentes, buscando a compreensão deles. Na verdade, o entendimento plena de tudo que aconteceu com Jesus só foi alcançado por Seus seguidores, e entre eles se encontrava sua Mãe, depois da revelação total do Evangelho.
Normalmente nos relatos evangélicos, o que acontece depois de um milagre é a ação de se glorificar a Deus. Nesta passagem, vemos que os pastores perceberam que naquela criança havia uma forte manifestação divina. Porque isso foi revelado a eles. As pessoas mais simples, com menos posses e menos apegadas têm mais facilidade de perceber os sinais de Deus.
Assim era a Virgem Maria. Com sua simplicidade e sua vontade de permanecer na fé, tinha capacidade de passar por situações incompreensíveis ou bem inusitadas sem perder a esperança em Deus. Ainda que não conseguisse compreender totalmente, ela não desistia de querer alcançar o entendimento. Por isso guardava e meditava sobre tudo que acontecia em seu coração. Ela confiava que, com tempo, iria saber do que se tratava.
Essas meditações de Maria mostram um pensamento que não se prendia aos fatos somente. Ela não se deixava prender somente por aquilo que lhe era colocado de imediato. Conseguia ir mais a fundo, pensando no futuro, sabendo que Deus não permitia determinadas situações ou realizava certas ações apenas ao acaso. Em tudo, a Mãe de Jesus buscava um sentido de fé, um sinal divino.
Todo aquele que tem fé pode seguir o exemplo dessa mulher diante das revelações de Deus: espera confiante, silêncio diante daquilo que não se pode explicar. Mas não um silêncio covarde ou omisso. Mas com a meditação , com a reflexão sobre as coisas dentro de um esquema cheio de sentimento e das emoções que vem pela fé.
Maria nos mostra que em algumas situações, ainda que não se posse encontrar explicações exatas, é possível sentir os movimentos de Deus em favor da humanidade.
A incompreensão de determinados pontos da fé e de determinadas situações da vida que nos surpreendem não são motivo para se deixar de acreditar, abandonar a fé ou perder a esperança no amor de Deus.
A atitude silenciosa e meditativa da Mãe de Jesus diante dos mistérios divinos foi o que lhe permitiu permanecer de pé nas muitas vezes em que tudo poderia parecer perdido ou sem sentido.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira. Apresenta os programas Caminhada na Fé, toda sexta-feira, às 14:00 horas, na Rádio Divinópolis AM 720 e Momento Mariano, aos domingos, ao meio-dia, na Rádio Santana FM 96,9.
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