Igreja Irmã de Tefé
- Diocese de Divinópolis
- 9 de dez. de 2015
- 5 min de leitura

Você já deve ter ouvido falar de “Igreja Irmã de Tefé”. Sobretudo na Missa, durante a Oração Eucarística... Mas sabe o que é essa história de Igreja Irmã? Sabe o que é Tefé?
Para entendermos melhor o que é a Igreja Irmã de Tefé, antes devemos compreender um pouco melhor a organização territorial da Igreja Católica. Ela está presente nos cinco continentes do mundo. E, por razões administrativas, se divide em espaços territoriais.
A divisão mais comum, que é mais próxima de nossa realidade, é a divisão por dioceses. Como exemplo, no estado de Minas Gerais, a Igreja está dividida em algumas dioceses. A diocese é o território que abrange um conjunto de cidades, onde existem paróquias. A nossa região está na Diocese de Divinópolis, que abrange as seguintes cidades: Divinópolis, Carmo do Cajuru, São Gonçalo do Pará, Itaúna, Itatiaiuçu, Azurita, Mateus Leme, Juatuba, Igarapé, São Joaquim de Bicas, Igaratinga, Pará de Minas, Florestal, São José da Varginha, Araújos, Perdigão, Nova Serrana, Leandro Ferreira, Conceição do Pará, Pitangui, Onça do Pitangui, São Sebastião do Oeste, Marilândia, Cláudio, Pedra do Indaiá, Itapecerica e Camacho. São 27 cidades, com um total de 53 paróquias. Nelas, atuam 112 padres, entre diocesanos e religiosos. A Diocese de Divinópolis, que é esse conjunto de paróquias com seus padres, está sob a administração de um bispo. E, em nosso caso, o bispo é Dom José Carlos. Em Minas Gerais existem outras dioceses, como as de Luz, de Oliveira, de Sete Lagoas, de Itabira e outras.
Em algumas situações, para atender necessidades especiais de uma porção do povo de Deus, ao invés de diocese um território ou grupo religioso pode ser denominado “prelazia”.
Em algumas regiões, são muitos os desafios da vida do povo e da Igreja. Como grandes distâncias e dificuldades de acesso por falta de estradas e condições de transporte. Assim é na região Norte do Brasil, onde a maioria das cidades e comunidades são pequenas e bem isoladas umas das outras. As estradas, bem poucas, são precárias. Na maioria dos lugares, o acesso só possível por navegação fluvial. Muitas cidades, vilas ou povoados estão localizados às margens dos rios.
Por isso, na região Norte, são mais comuns as prelazias. A organização territorial delas, como Igreja, é semelhante à das dioceses. Quem governa e administra cada uma dessas prelazias é também um bispo, que no caso é chamado também de “prelado”. No estado do Amazonas, há uma prelazia que tem sua sede em Tefé, cidade com cerca de 60 mil habitantes e que está distante 523 km de Manaus, a capital do estado. O território da prelazia de Tefé é de 264.675 km². Nela estão presentes 14 paróquias, com uma população total aproximada de 240 mil habitantes, dos quais cerca de 75% são católicos.
O bispo prelado de Tefé é Dom Fernando Barbosa dos Santos. É o quarto bispo da prelazia. Nascido no estado de Pernambuco, foi padre pertencente à Congregação da Missão, fundada por São Vicente de Paulo. Trabalhava em Fortaleza, no estado do Ceará. Em 2014, foi eleito bispo pelo Papa Francisco e designado para administrar Tefé.
Existe uma ligação entre nossa Diocese de Divinópolis e a Prelazia de Tefé que é o que se chama “projeto igrejas-irmãs”. Trata-se de um acordo de irmandade entre dois espaços da Igreja no sentido de oferecimento de apoio através de oração, ajuda material e trabalho missionário. Em Tefé, alguns dos maiores desafios são as distâncias, as dificuldades de transporte e a falta de sacerdotes. Pelo projeto de irmandade com a Diocese de Divinópolis, já foi dada alguma ajuda, como a presença de Dom Mário Clemente, sacerdote natural de nossa região, que trabalhou lá como bispo prelado durante 20 anos. Depois de se tornar emérito, continua servido a região, trabalhando em uma paróquia. Há também uma missionária de Itaúna, chamada Exalte, que está lá há alguns anos. Já estiveram presentes em Tefé, durante certo tempo, o Padre Geraldo Meneses e Dom Gil, quando era padre. Alguns outros sacerdotes de nossa Diocese também já estiveram lá por períodos menores.
Segundo Dom Mário, quem se disponha a realizar lá um trabalho missionário, precisa dedicar certo tempo na adaptação a um lugar, cultura e modo de vida que são bem diferentes dos nossos. É preciso ter vocação missionária. Algo que muita gente por aqui possa ter e talvez não saiba por falta de informação. Nesse projeto de irmandade entre Divinópolis e Tefé, outra importante força que nossa diocese pode oferecer a esses irmãos do norte é a ajuda material. Muitas comunidades não têm recursos para construir suas capelas, para conseguir material de evangelização, para pagar as despesas de transporte dos padres...
Um dos objetivos da visita de Dom Fernando à nossa Diocese, recentemente, foi o estreitamento de laços para uma aproximação mais real entre essas duas igrejas irmãs. Dom José Carlos também já visitou Tefé.
É preciso conhecer e caminhar mais juntos com nossa Igreja irmã de Tefé. Oferecer mais ajuda, orações e, se possível, força de trabalho. O apoio aos irmãos mais necessitados representa grande prática de caridade.
Outra boa ajuda que nossa diocese poderia prestar a Tefé seria um contato maior entre as paróquias daqui com as de lá. Para que isso acontecesse, poderia haver uma maior divulgação para nosso povo sobre a Prelazia de Tefé e o que significa a ligação que ela tem com a Diocese de Divinópolis. Que dificuldades e desafios as paróquias de lá enfrentam. E qual ajuda poderíamos oferecer.
Normalmente o que se sente diante da proposta de ir para um lugar de missão é insegurança e medo. Devido às dificuldades da adaptação, falta de recursos e o despojamento necessário para se dedicar a um projeto como esse. Este sentimento de resistência, que normalmente existe mais pelo desconhecimento, pode impedir muitas coisas muito boas que poderiam se tornar realidade e vivenciadas no trabalho missionário. Dom Mário, Padre Geraldo Menezes e outras pessoas que já estiveram lá costumam contar histórias interessantes de suas experiências.
Não devemos alimentar a ideia que um local de missão seja pior ou melhor. Trata-se de uma realidade que é apenas diferente. Para alguém de nossa região, que já tenha se imaginado em algum tipo de trabalho missionário, talvez seja interessante pelo menos conhecer um pouco mais sobre a Prelazia de Tefé, com a qual nossa Diocese é chamada a caminhar em irmandade.
Não significa unicamente já ir arrumando as malas e partir pra lá. Nem todas as pessoas têm disponibilidade, vocação ou mesmo saúde para isso. O simples fato de conhecer e rezar mais por esses nossos irmãos já é uma grande força de ajuda.
Também o contato, mesmo a distância, para amizade, troca de experiências e partilha das coisas da fé, pode ser uma verdadeira ação missionária de fraternidade.
Padre Guilherme da Silveira Machado é administrador paroquial na Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira. Apresenta os programas Caminhada na Fé, toda sexta-feira, às 14 horas, na Rádio Divinópolis AM 720 e Momento Mariano, aos domingos, ao meio-dia, na Rádio Santana FM 96,9.
Comments